quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Como melhorar a forma de comunicar?

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Nesta entrevista, padre Sérgio Velasco reflete sobre a importância da comunicação e sobre o seminário para sacerdotes
“Melhorar o nosso modo de conversar, de falar em família e entre os amigos é a melhor escola para também se tornar um bom comunicador diante das mídias”.
A afirmação é do professor de Public Speaking e Media Training, da Pontificia Univertsità dela Santa Croce, em Roma, padre Sérgio Tapia Velasco.
Ele é um dos conferencistas do seminário de formação sobre comunicação para os sacerdotes, que será realizado de 9 a 11 de setembro, no Centro de Estudos do Sumaré, no Rio de Janeiro.
Na entrevista, concedida ao padre Arnaldo Rodrigues, um dos organizadores do evento, o conferencista dá dicas de como será o desenvolvimento seu tema.
Padre Arnaldo Rodrigues – Qual a importância de falar sobre a comunicação na vida dos padres?
Padre Sérgio Tapia Velasco – Estejamos a favor ou contra os meios de comunicação sociais, sem dúvida, eles possuem um papel fundamental na opinião pública, e a Igreja não pode ser ausente nesta arena. Os valores de igualdade, direitos humanos, respeito à pessoa, a defesa dos que precisam etc, são todos inspirados no Cristianismo.
A comunicação na vida da Igreja sempre esteve no centro, porque Jesus mandou que seus discípulos andassem por todo o mundo a pregar o Reino de Deus.
Desde o início, a Igreja se mostra como mestra em comunicação. Basta pensar no esforço enorme – feito em pouco tempo – de compilar os evangelhos e produzir imediatamente uma geração de homens capazes de levar a Palavra de Deus, confrontando-a com tantos sábios da época como a todas as gentes.
Hoje o Papa nos fala de recuperar o mesmo significado missionário, a mesma esperança para relançar a nova evangelização. Nesta responsabilidade, os padres têm um papel essencial, ligado em tantos casos ao mesmo ministério de pregação. Muitas vezes, as pessoas se lamentam das homilias longas e chatas. Também o Papa Francisco dedicou muitas páginas para falar da homilia na Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium” (cf 135-175). Tudo isso nos pergunta como podemos melhorar a nossa forma de comunicar.
Padre Arnaldo – Quais são os desafios de anunciar a Igreja hoje?
Padre Sérgio – Penso que entre os desafios principais que temos, dois resultam particularmente relevantes. De uma parte, seguindo um dito de São Pedro, dar razão a nossa fé… com doçura e respeito (1Pd 3,15); da outra parte, pregar a esperança e a misericórdia.
Vivemos em um mundo secularizado, no qual a fé tende a ser considerada como um fato individual – indiferente e privado. Tem muita confusão e muitas vezes os nossos fiéis recebem mais “formação” através da TV e dos filmes que não passam pelos canais ordinários da catequese. Há a tendência de se ridicularizar a moral cristã e a Igreja Católica tantas vezes é pintada como qualquer coisa de velha ou que deva se superar. Mas, como as pessoas não podem viver sem Deus, procuram refúgio em outras realidades mágicas ou religiosas. O desafio é anunciar a Igreja neste contexto, explicando como seria uma graça enorme sermos católicos.
De outra parte, o nosso mundo marcado por um trabalho frenético do mercado consumista, provoca tantas feridas nas nossas relações pessoais. Temos o desejo de cura, de anunciar Jesus que toca o doente, que não fica indiferente a nenhum. Como disse o Papa Francisco, o mundo é um imenso hospital e devemos estar prontos a curar os feridos.
Padre Arnaldo – Como posso ser um bom comunicador (não somente pelos meios)?
Padre Sérgio – Melhorar o nosso modo de conversar, de falar em família e entre os amigos é a melhor escola para também se tornar um bom comunicador diante das mídias. Aristóteles dizia que o primeiro instrumento de persuasão é o ethos, a experiência pessoal e a coerência de vida. Quando buscamos ser fiéis aos nossos princípios, comunicamos isto que somos, esta comunicação autêntica e sincera. O resultado sempre será convincente. Todavia, o modo como comunicamos é muito importante. Não foi por acaso que São Pedro disse que precisa dar a razão da fé com doçura e respeito (cf 1Pd 3,15). A cortesia não é um mero invólucro, mas já é a mensagem. Tantas vezes, dizemos muito mais pelos gestos que acompanham nossas palavras, que só com as palavras: nos basta pensar a simpática revolução que opera o Papa Francisco no modo de comunicar a mensagem cristã através dos gestos.
Padre Arnaldo – Porque este seminário é importante?
Padre Sérgio – A comunicação não se improvisa. Não podemos pretender ser competitivos com outras mensagens, também religiosas, sem procurar melhorar o nosso modo de falar. Para alguns, falar do mercado religioso se torna degustante e, todavia, o fato é que nós temos o melhor produto e tantas vezes não sabemos vender.
Espero que esta jornada nos ajude não somente a refletir a importância da comunicação, mas seja em modo prático, que nos dê sugestões ativas sobre que coisas podemos fazer já agora para melhorar o nosso modo de evangelizar e para guiar os fiéis através da selva midiática.
Padre Arnaldo – Qual seria a sua expectativa em ir ao Brasil pela primeira vez?
Padre Sérgio – Penso em quando era criança; tinha o desejo de conhecer o Brasil. Eu nasci no ano de 1968 e, portanto, cresci sempre escutando historias sobre a Copa do Mundo de futebol do México de 1970 quando o Brasil conquistou o coração dos mexicanos. Outra coisa: quem me conhece bem sabe que sou apaixonado pela música e pela natureza. O Brasil não é um país, é um continente cheio de música e cor, mas, sobretudo, cheio de gente jovem apaixonada pela vida e cheia de esperança. Peço a Deus somente para abrir o meu coração para poder aprender tanto com a gente desta terra durante esta breve estadia.
Serviço:
Informações pelo email coordenaçãopastoral@arquidiocese.org.br ou pelo telefone: 21-2292-3132.
Fonte: Arquidiocese do Rio de Janeiro