quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Vaticano critica ataque a Bento XVI em reportagem da revista Rolling Stone sobre o Papa Francisco

O Diretor do Escritório de Imprensa da Santa Sé, o Padre Federico Lombardi, criticou a descrição negativa que a revista Rolling Stone fez sobre o pontificado de Bento XVI, em uma reportagem escrita sobre o Papa Francisco que aparece na capa de sua última edição.

Em declarações à imprensa, conforme assinala o jornal Avvenire da Conferência Episcopal Italiana, o sacerdote assinalou que “a reportagem da (revista) Rolling Stone reflete a atenção que a novidade do papa Francisco leva aos mais diversos ambientes. No entanto, o próprio artigo se desqualifica e cai no habitual erro de um jornalismo superficial”.

O sacerdote assinala logo que a publicação, “para destacar os aspectos positivos do Papa Francisco descreve de maneira negativa o pontificado do Papa Bento e o faz com uma grosseria surpreendente. Muito mal”.

"O Papa Francisco está realizando uma ruptura notável com a tradição do Vaticano enfrentando temas políticos e tendo uma atitude mais inclusiva para os direitos humanos", assinala a nota da Rolling Stone escrita por Mark Binelli.

A reportagem em questão, concluiu o Padre Lombardi, “não é a maneira de fazer um bom serviço ao Papa Francisco que sabe muito bem quanto a Igreja deve a seu Predecessor”, o agora Bispo Emérito de Roma, Bento XVI.

Fonte: ACI Digital

Dom Celli: "Uma Igreja que não comunica não é Igreja"

A mensagem do Papa Francisco para o 48° Dia Mundial das Comunicações Sociais sobre o tema "Comunicação a serviço de uma autêntica cultura do encontro" será o tema principal do encontro de comunicação que se realizará, em Havana, Cuba, de 4 a 8 de fevereiro próximo.

O evento é promovido pelo Pontifício Conselho das Comunicações Sociais e pelo Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) e contará com a presença de trinta e cinco bispos da América Central e Caribe que irão refletir sobre o que comunicar hoje no contexto atual.

Durante o encontro serão explicadas algumas noções básicas sobre a comunicação e mudanças provocadas pelas novas tecnologias digitais.

"Deste modo, os fiéis poderão ver a atenção dada pela Igreja ao diálogo em favor do bem de um povo", disse o Presidente do Conselho das Comunicações Sociais, Dom Claudio Maria Celli.

"Se usarmos uma linguagem apropriada na dimensão profissional, adequada aos aspectos tecnológicos, enriquecida pelo magistério pontifício e pela vida da Igreja, promoveremos um interesse maior por Jesus Cristo. Uma Igreja que não comunica não é Igreja", disse ainda o arcebispo.

Recordando as palavras do Papa Francisco, Dom Celli sublinhou que "é preciso se colocar a caminho para estar próximo às pessoas, partilhar, caminhar com o outro e ser uma Igreja próxima ao homem atual".

O último curso de comunicação para bispos se realizou no Brasil, em dezembro passado, na cidade de Recife.

Fonte: Rádio Vaticano

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Porta-voz vaticano destaca "relação entre os três últimos papas e a comunicação"

A relação entre os últimos três papas e a comunicação. Esse foi o fio condutor da conferência do diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, na tarde desta segunda-feira, em Toledo, na Espanha, onde recebeu uma especial honorificência pelos serviços prestados à "Rádio Santa Maria Toledo" e ao "Canal Diocesano de TV". As duas emissoras festejam, respectivamente, o 20º e 25º aniversário de criação.

Reflexões pessoias sobre a comunicação a serviço de três Papas: o discurso de Pe. Lombardi passou em resenha o poder comunicativo dos gestos de João Paulo II, no tempo do vigor como no da ancianidade; a clareza de síntese e pensamento de Bento XVI; o extraordinário carisma comunicativo de Francisco, cuja mensagem chega ao coração das pessoas e, justamente por isso, é também acompanhado com atenção pela mídia num "círculo virtuoso", uma "espécie de aliança" entre o serviço dela e o anúncio do Papa.

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé ressaltou o fato de, embora comunicando quase exclusivamente em italiano e espanhol, o Papa atual, "fonte de um rio inesgotável de imagens", conseguir veicular "mensagens importantíssimas ao mundo inteiro" e isso, espontaneamente, sem o estudo "à mesa" de uma nova "estratégia de comunicação".

Para o porta-voz vaticano, Bergoglio, o Papa "chamado quase do fim do mundo" situa-se "na mesma linha" de imediatidade dos gestos e envolvimento das multidões feitos por Karol Wojtyla, o Papa "chamado de um país distante", que corajosamente definiu "bendita" a televisão, compreendendo a importância da colaboração da mídia para a sua missão.

E através de imagens fortes em lugares significativos – como a oração no "Muro das Lamentações" em Jerusalém, ou o colóquio no cárcere com quem atentou contra a vida dele – comunicou de modo ainda mais eficaz do que com as palavras ditas ou escritas.

"Um grande mestre de comunicação" em formas e direções talvez nem sem sempre fáceis de propor através da mídia, mas nem por isso menos importantes", assim Pe. Lombardi definiu Joseph Ratzinger.

O religioso jesuíta recordou seu pensamento límpido, ordenado, coerente, sintético, sem incertezas e confusões, mesmo quando respondia a perguntas improvisadas. Segundo Pe. Lombardi, Bento XVI alcançou "vértices sublimes" nas homilias, "forma mais importante da comunicação na vida da comunidade eclesial".

O Pontificado do Papa alemão teve com a mídia "momentos bonitos" e outros mais "difíceis": Pe. Lombardi mencionou, em particular, a humildade e a paixão evangélica com que Ratzinger respondeu às críticas que se seguiram à remissão da excomunhão aos bispos lefebvrianos, e a postura pastoral e dinâmica – em plena sintonia com a de hoje do Papa Francisco – tida por Bento XVI ao abordar, no livro-entrevista "Luz do Mundo", a discussão sobre a avaliação moral do uso do preservativo.

Fonte: Rádio Vaticano

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Editorial: Comunicar: apaixonante desafio

No próximo dia 1º de junho celebraremos o 48º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que este ano tem como tema “Comunicação ao serviço de uma autêntica cultura do encontro”. A comemoração desse Dia foi instituída pelo Concílio Vaticano II, com o Decreto Inter Mirifica, de 1963. E como ocorre todos os anos, por ocasião da memória litúrgica de São Francisco de Sales, patrono dos comunicadores, o Santo Padre divulgou uma mensagem ao mundo da comunicação social, aos profissionais e usuários.
Nos últimos tempos o tema recorrente das mensagens foi o da Internet e as novas formas de relacionamento nas redes sociais. Na sua primeira mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Papa Francisco dá continuidade à temática que vem abordando quase cotidianamente, ou seja, a da cultura do encontro. E o verdadeiro poder da comunicação – sublinha Francisco – é a “proximidade”.

Os novos espaços onde evangelizar, onde estar presente nos devem como comunicadores e usuários, levar a uma reflexão sobre o serviço que a comunicação presta para aproximar as pessoas, para criar relações interpessoais. Estamos vivendo um período, diria, histórico e muito particular: evidentemente notamos um progresso técnico extraordinário, que cria novas oportunidades, inéditas de interação entre os homens e entre os povos; em certo sentido estamos vivendo realmente uma globalização das relações. Mas essa globalização dever ajudar as pessoas, o indivíduo a crescer em humanidade, excluindo o egoísmo, o isolamento, o indiferentismo, concentrando energias e aspirações nos encontros que cancelam desconfianças, preconceitos, barreiras.

O Papa Francisco constata na sua mensagem que hoje nós vivemos em um mundo cada vez menor, mas onde ainda permanecem divisões e exclusões. E os meios de comunicação podem ajudar a nos sentirmos mais próximos uns dos outros. O Santo Padre parte dessas considerações para desenvolver a sua reflexão aos comunicadores. A tecla que Francisco toca é mais uma vez a da “cultura do encontro” pois podemos notar que apesar dos avanços da humanidade, em nível global vemos a distância escandalosa que existe entre o “luxo dos mais ricos e a miséria dos mais pobres”. E uma dura constatação: “estamos já tão habituados a tudo isso que nem nos impressiona mais”.

E a cultura do encontro requer que estejamos dispostos não só a dar, mas também a receber dos outros. Os meios de comunicação podem ajudar nisso. Particularmente a internet pode oferecer maiores possibilidades de encontro e de solidariedade entre todos. E Francisco chama a atenção para os problemas que se apresentam neste mundo virtual: antes de tudo a “velocidade da informação” que “supera a nossa capacidade de reflexão e julgamento”. O desejo da tão fala conexão digital – e isso já é linguagem cotidiana, estou conectado – pode, é a advertência, nos levar ao isolamento, distanciar-se do nosso próximo. Temos ainda o paradoxo, quem não tem internet, não está na rede, corre o “perigo de ficar excluído”.

Neste universo da tecnologia e da velocidade, o Santo Padre recorda que não devemos rejeitar a mídia social e que a comunicação é uma conquista mais humana que tecnológica: daí brota o convite contracorrente, de “recuperar o sentido de lentidão e de calma”. Temos necessidade de ser pacientes. Um convite distinto, vamos diminuir a velocidade para que possamos conhecer o outro, aquele que é diferente de nós, aquele que encontramos no nosso caminho. Não só encontrar, mas também ajudar.

Então a pergunta de Francisco, como a comunicação pode estar ao serviço da cultura do encontro? Recordando a parábola do Bom Samaritano vem fora a dimensão da “proximidade”. De fato, quem comunica se faz próximo. E citando ainda a Parábola o Papa adverte que quando a comunicação tem como finalidade principal levar ao consumo ou à manipulação das pessoas, estamos diante de uma agressão violenta como aquela sofrida pelo homem que foi surrado pelos bandidos e deixado ao longo da estrada. E aí vem a chamada de atenção, porque alguns meios de comunicação levam as pessoas a ignorar o próximo. As redes sociais devem ser um lugar rico de humanidade, não uma rede de fios, mas sim de pessoas humanas. Essas estradas digitais estão cheias de humanidade e muitas vezes humanidade ferida.

O Convite, então à Igreja para que abra a portas também no ambiente digital para que o Evangelho possa atravessar os umbrais do tempo e sair ao encontro de todos. O convite do Papa é para não termos medo de sermos cidadãos do ambiente digital, para dialogarmos com o homem de hoje e levá-lo ao encontro com Cristo. A revolução nos meios de comunicação e de informação - a ultima constatação de Francisco – “é um grande e apaixonante desafio que requer energias frescas e uma imaginação nova para transmitir aos outros a beleza de Deus”. (Silvonei José)

Fonte: Rádio Vaticano

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Festa de São Francisco de Sales: dia de oração pela Pascom e de divulgação do 4º Encontro Nacional

A Igreja celebra hoje, a festa de São Francisco de Sales, padroeiro dos escritores e jornalistas e também da Pastoral da Comunicação. Em razão desta data, o Papa Francisco, como seus antecessores, divulgou ontem, 23, a mensagem para o 48º Dia Mundial das Comunicações Sociais, a ser celebrado em 1º de junho, que traz como tema “Comunicação a serviço de uma autêntica cultura do encontro”.
Neste momento rico para Igreja e para os agentes da Pastoral da Comunicação de todo país, a coordenação da Pascom, tanto diocesana quanto regional e nacional, convida a todos para rezarem pela Pascom e seus agentes neste dia. Além disso, aproveita para divulgar o 4º Encontro Nacional da Pastoral da Comunicação (veja o folder), que acontecerá entre os dias 24 e 27 de julho, em Aparecida. As inscrições já estão abertas e podem ser feitas através do link: Encontro Nacional Pascom ou acesse o site da CNBB.
Mensagem do Papa Francisco
Em sua mensagem, o Papa reconhece a importância dos meios de comunicação e novas mídias sociais digitais. “Podem ajudar a sentir-nos mais próximo uns dos outros; a fazer-nos perceber um renovado sentido de unidade da família humana”, afirma. Porém, faz um alerta para que as redes não sejam usadas para o isolamento social. “O próprio mundo dos mass media não pode alhear-se da solicitude pela humanidade, chamado como é a exprimir ternura. A rede digital pode ser um lugar rico de humanidade: não uma rede de fios, mas de pessoas humanas”, acrescenta o papa. (Leia mensagem na íntegra)
Fonte: Diocese de Petrópolis

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Mensagem do Papa para a 48º Jornada Mundial das Comunicações Sociais

Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais  48º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS
Comunicação ao serviço de uma autêntica cultura do encontro
1 de Junho de 2014

 Mensagem do Santo Padre Francisco

Queridos irmãos e irmãs,

Hoje vivemos num mundo que está a tornar-se cada vez menor, parecendo, por isso mesmo, que deveria ser mais fácil fazer-se próximo uns dos outros. Os progressos dos transportes e das tecnologias de comunicação deixam-nos mais próximo, interligando-nos sempre mais, e a globalização faz-nos mais interdependentes. Todavia, dentro da humanidade, permanecem divisões, e às vezes muito acentuadas. A nível global, vemos a distância escandalosa que existe entre o luxo dos mais ricos e a miséria dos mais pobres. Frequentemente, basta passar pelas estradas duma cidade para ver o contraste entre os que vivem nos passeios e as luzes brilhantes das lojas. Estamos já tão habituados a tudo isso que nem nos impressiona. O mundo sofre de múltiplas formas de exclusão, marginalização e pobreza, como também de conflitos para os quais convergem causas econômicas, políticas, ideológicas e até mesmo, infelizmente, religiosas.

Neste mundo, os mass-media podem ajudar a sentir-nos mais próximo uns dos outros; a fazer-nos perceber um renovado sentido de unidade da família humana, que impele à solidariedade e a um compromisso sério para uma vida mais digna. Uma boa comunicação ajuda-nos a estar mais perto e a conhecer-nos melhor entre nós, a ser mais unidos. Os muros que nos dividem só podem ser superados, se estivermos prontos a ouvir e a aprender uns dos outros. Precisamos de harmonizar as diferenças por meio de formas de diálogo, que nos permitam crescer na compreensão e no respeito. A cultura do encontro requer que estejamos dispostos não só a dar, mas também a receber de outros. Os mass-media podem ajudar-nos nisso, especialmente nos nossos dias em que as redes da comunicação humana atingiram progressos sem precedentes. Particularmente a internet pode oferecer maiores possibilidades de encontro e de solidariedade entre todos; e isto é uma coisa boa, é um dom de Deus.

No entanto, existem aspectos problemáticos: a velocidade da informação supera a nossa capacidade de reflexão e discernimento, e não permite uma expressão equilibrada e correta de si mesmo. A variedade das opiniões expressas pode ser sentida como riqueza, mas é possível também fechar-se numa esfera de informações que correspondem apenas às nossas expectativas e às nossas ideias, ou mesmo a determinados interesses políticos e econômicos. O ambiente de comunicação pode ajudar-nos a crescer ou, pelo contrário, desorientar-nos. O desejo de conexão digital pode acabar por nos isolar do nosso próximo, de quem está mais perto de nós. Sem esquecer que a pessoa que, pelas mais diversas razões, não tem acesso aos meios de comunicação social corre o risco de ser excluído.

Estes limites são reais, mas não justificam uma rejeição dos mass-media; antes, recordam-nos que, em última análise, a comunicação é uma conquista mais humana que tecnológica. Portanto haverá alguma coisa, no ambiente digital, que nos ajuda a crescer em humanidade e na compreensão recíproca? Devemos, por exemplo, recuperar um certo sentido de pausa e calma. Isto requer tempo e capacidade de fazer silêncio para escutar. Temos necessidade também de ser pacientes, se quisermos compreender aqueles que são diferentes de nós: uma pessoa expressa-se plenamente a si mesma, não quando é simplesmente tolerada, mas quando sabe que é verdadeiramente acolhida. Se estamos verdadeiramente desejosos de escutar os outros, então aprenderemos a ver o mundo com olhos diferentes e a apreciar a experiência humana tal como se manifesta nas várias culturas e tradições. Entretanto saberemos apreciar melhor também os grandes valores inspirados pelo Cristianismo, como, por exemplo, a visão do ser humano como pessoa, o matrimônio e a família, a distinção entre esfera religiosa e esfera política, os princípios de solidariedade e subsidiariedade, entre outros.

Então, como pode a comunicação estar ao serviço de uma autêntica cultura do encontro? E – para nós, discípulos do Senhor – que significa, segundo o Evangelho, encontrar uma pessoa? Como é possível, apesar de todas as nossas limitações e pecados, ser verdadeiramente próximo aos outros? Estas perguntas resumem-se naquela que, um dia, um escriba – isto é, um comunicador – pôs a Jesus: «E quem é o meu próximo?» (Lc 10, 29 ). Esta pergunta ajuda-nos a compreender a comunicação em termos de proximidade. Poderíamos traduzi-la assim: Como se manifesta a «proximidade» no uso dos meios de comunicação e no novo ambiente criado pelas tecnologias digitais? Encontro resposta na parábola do bom samaritano, que é também uma parábola do comunicador. Na realidade, quem comunica faz-se próximo. E o bom samaritano não só se faz próximo, mas cuida do homem que encontra quase morto ao lado da estrada. Jesus inverte a perspectiva: não se trata de reconhecer o outro como um meu semelhante, mas da minha capacidade para me fazer semelhante ao outro. Por isso, comunicar significa tomar consciência de que somos humanos, filhos de Deus. Apraz-me definir este poder da comunicação como «proximidade».

Quando a comunicação tem como fim predominante induzir ao consumo ou à manipulação das pessoas, encontramo-nos perante uma agressão violenta como a que sofreu o homem espancado pelos assaltantes e abandonado na estrada, como lemos na parábola. Naquele homem, o levita e o sacerdote não veem um seu próximo, mas um estranho de quem era melhor manter a distância. Naquele tempo, eram condicionados pelas regras da pureza ritual. Hoje, corremos o risco de que alguns mass-media nos condicionem até ao ponto de fazer-nos ignorar o nosso próximo real.

Não basta circular pelas «estradas» digitais, isto é, simplesmente estar conectados: é necessário que a conexão seja acompanhada pelo encontro verdadeiro. Não podemos viver sozinhos, fechados em nós mesmos. Precisamos de amar e ser amados. Precisamos de ternura. Não são as estratégias comunicativas que garantem a beleza, a bondade e a verdade da comunicação. O próprio mundo dos mass-media não pode alhear-se da solicitude pela humanidade, chamado como é a exprimir ternura. A rede digital pode ser um lugar rico de humanidade: não uma rede de fios, mas de pessoas humanas. A neutralidade dos mass-media é só aparente: só pode constituir um ponto de referimento quem comunica colocando-se a si mesmo em jogo. O envolvimento pessoal é a própria raiz da fiabilidade dum comunicador. É por isso mesmo que o testemunho cristão pode, graças à rede, alcançar as periferias existenciais.

Tenho-o repetido já diversas vezes: entre uma Igreja acidentada que sai pela estrada e uma Igreja doente de autorreferencialidade, não hesito em preferir a primeira. E quando falo de estrada penso nas estradas do mundo onde as pessoas vivem: é lá que as podemos, efetiva e afetivamente, alcançar. Entre estas estradas estão também as digitais, congestionadas de humanidade, muitas vezes ferida: homens e mulheres que procuram uma salvação ou uma esperança. Também graças à rede, pode a mensagem cristã viajar «até aos confins do mundo» (Act 1, 8). Abrir as portas das igrejas significa também abri-las no ambiente digital, seja para que as pessoas entrem, independentemente da condição de vida em que se encontrem, seja para que o Evangelho possa cruzar o limiar do templo e sair ao encontro de todos. Somos chamados a testemunhar uma Igreja que seja casa de todos. Seremos nós capazes de comunicar o rosto duma Igreja assim? A comunicação concorre para dar forma à vocação missionária de toda a Igreja, e as redes sociais são, hoje, um dos lugares onde viver esta vocação de redescobrir a beleza da fé, a beleza do encontro com Cristo. Inclusive no contexto da comunicação, é precisa uma Igreja que consiga levar calor, inflamar o coração.

O testemunho cristão não se faz com o bombardeio de mensagens religiosas, mas com a vontade de se doar aos outros «através da disponibilidade para se deixar envolver, pacientemente e com respeito, nas suas questões e nas suas dúvidas, no caminho de busca da verdade e do sentido da existência humana (Bento XVI, Mensagem para o XLVII Dia Mundial das Comunicações Sociais, 2013). Pensemos no episódio dos discípulos de Emaús. É preciso saber-se inserir no diálogo com os homens e mulheres de hoje, para compreender os seus anseios, dúvidas, esperanças, e oferecer-lhes o Evangelho, isto é, Jesus Cristo, Deus feito homem, que morreu e ressuscitou para nos libertar do pecado e da morte. O desafio requer profundidade, atenção à vida, sensibilidade espiritual. Dialogar significa estar convencido de que o outro tem algo de bom para dizer, dar espaço ao seu ponto de vista, às suas propostas. Dialogar não significa renunciar às próprias ideias e tradições, mas à pretensão de que sejam únicas e absolutas.

Possa servir-nos de guia o ícone do bom samaritano, que liga as feridas do homem espancado, deitando nelas azeite e vinho. A nossa comunicação seja azeite perfumado pela dor e vinho bom pela alegria. A nossa luminosidade não derive de truques ou efeitos especiais, mas de nos fazermos próximo, com amor, com ternura, de quem encontramos ferido pelo caminho. Não tenhais medo de vos fazerdes cidadãos do ambiente digital. É importante a atenção e a presença da Igreja no mundo da comunicação, para dialogar com o homem de hoje e levá-lo ao encontro com Cristo: uma Igreja companheira de estrada sabe pôr-se a caminho com todos. Neste contexto, a revolução nos meios de comunicação e de informação são um grande e apaixonante desafio que requer energias frescas e uma imaginação nova para transmitir aos outros a beleza de Deus.


Vaticano, 24 de Janeiro – Memória de São Francisco de Sales – do ano 2014.

 FRANCISCUS

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Mensagem do Papa para Dia das Comunicações será apresentada nesta quinta-feira

A sala de imprensa da Santa Sé informou nesta segunda-feira, 20, que a mensagem do Papa Francisco para o 48º Dia Mundial das Comunicações Sociais será divulgada nesta quinta-feira, 23.
“Comunicação a serviço de uma autêntica cultura do encontro”, é o tema da mensagem que  será apresentada pelo presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, Dom Cláudio Maria Celli.
A apresentação também contará com a presença da especialista em comunicação e espetáculo da Universidade do Sagrado Coração, de Milão, Profª  Chiara Giaccardi.
O Dia Mundial das Comunicações Sociais é celebrado no dia 12 de maio. Porém, por tradição, a mensagem é divulgada pela Igreja Católica no dia ou véspera da comemoração litúrgica de São Francisco de Sales, patrono dos escritores e jornalistas, comemorado em 24 de janeiro.

Fonte: Canção Nova

Papa à Rádio e Televisão italiana RAI: jamais abdicar ao serviço público, informar respeitando as pessoas

O Papa Francisco recebeu em audiência, no final da manhã deste sábado, na Sala Paulo VI, no Vaticano, cerca de oito mil pessoas, entre dirigentes, membros e funcionários da RAI, Rádio e Televisão Italiana. O encontro se realizou por ocasião do 90º aniversário do início das transmissões radiofônicas e do 60º de início das transmissões televisivas.
Antes da audiência papal, os presentes participaram, na Sala de Audiências Paulo VI, de uma celebração Eucarística, presidida pelo cardeal Angelo Comastri, Vigário do Papa para o Estado da Cidade do Vaticano.
Em seu discurso o Santo Padre cumprimentou os numerosos membros da RAI, mas também outros representantes de redes televisivas públicas e de Associações de outros países. E destacando os dois aniversários, o Papa refletiu sobre as relações entre a Santa Sé e a RAI ao longo destes decênios:
“A palavra-chave que gostaria logo de colocar em evidência é a colaboração, tanto em relação ao rádio como à televisão. O povo italiano sempre pode ter acesso à palavra e, sucessivamente, às imagens do Papa e dos eventos eclesiais na Itália, através do serviço da RAI. Esta colaboração se realiza mediante duas entidades vaticanas: a Rádio Vaticano e o Centro Televisivo Vaticano”.
Desta forma, a RAI ofereceu e ainda oferece aos ouvintes e telespectadores a possibilidade de seguir os eventos ordinários e extraordinários da Santa Sé, como o Concílio Vaticano II, o Jubileu do ano 2000, as diversas celebrações e as visitas pastorais na Itália e no mundo. O Papa não deixou de recordar ainda as diversas transmissões e os filmes de cunho religioso e moral.
A RAI, com suas inúmeras iniciativas, também é testemunha dos processos de mudança e de transformação na sociedade italiana, e contribui, de modo especial, para o processo de unificação linguístico e cultural da Itália. E o Bispo de Roma acrescentou:
“Agradeçamos ao Senhor por tudo isso e continuemos a levar adiante este processo de mútua colaboração. Mas, a recordação de um passado, rico de conquistas, deve ser um convite ao senso de responsabilidade de todos, presentes e ausentes. O serviço público da RAI, além de ser informativo, é também formativo para o bem comum”.
Portanto, afirmou o Papa, a RAI é uma entidade que produz cultura e educação, formação e espetáculo. Trata-se de uma responsabilidade imprescindível. A qualidade da ética da comunicação é fruto, em última análise, de consciências atentas, não superficiais, no devido respeito às pessoas.
Neste sentido, o Bispo de Roma recordou que, “cada um, na sua própria função e responsabilidade, é chamado a vigiar, para manter alto o nível ético da comunicação.
O Papa Francisco concluiu seu discurso aos numerosos membros da RAI, Rádio e Televisão Italiana, fazendo votos de que possam prosseguir seu precioso serviço ao bem comum, depositando confiança e esperança em seu trabalho de transmissão da palavra e das imagens, a serviço do crescimento humano, cultural e civil da sociedade.
Fonte: Rádio Vaticano

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Vaticano esclarece declarações atribuídas falsamente ao Papa Francisco que circulam na internet

O Vaticano, através de sua conta do Facebook em língua espanhola News.va (facebook.com/news.va.es)  trouxe uma nota de esclarecimento de uma série de falsas declarações atribuídas ao Papa Francisco e que estão circulando na Internet nestes dias.

O texto (originalmente em espanhol) diz:

“Queridos amigos, muitos de nossos leitores nos assinalam uma ‘notícia’ que circula na internet e nos perguntam se é verdadeira. Esta ‘notícia’, publicada em vários idiomas, diz que o Papa Francisco afirmou que a Bíblia está antiquada em muitas passagens como a ‘fábula de Adão e Eva’ ou o inferno, que todas as religiões são iguais, que Deus está mudando e evoluindo e a verdade religiosa também, e outras coisas semelhantes. Tudo isto o Papa teria afirmado no ‘Terceiro concílio vaticano II’.

Pela internet circulam milhares de histórias falsas, e às vezes é difícil saber de onde se originou a ‘notícia’ e se esta vem de uma fonte confiável ou não. Por isso, ante uma notícia referente ao Papa Francisco que nos pareça estranha, é bom questionar-nos e ir às fontes vaticanas para ver se também ali estas notas aparecem e com que palavras são escritas.

Por isso no que se refere ao Papa Francisco, se as palavras a ele atribuídas não aparecem nos meios oficiais vaticanos, é muito possível que sejam falsas. Aqui lhes oferecemos uma lista dos meios vaticanos e seus sites na internet, para que possam ir comprovar as notícias sempre que tiverem dúvidas:

-Canal Twitter oficial do Santo Padre (em português): https://twitter.com/Pontifex_pt   

-Escritório de Imprensa da Santa Sé: http://www.vatican.va/news_services/press/index_po.htm

-News.va: Recolhe em um único site as notícias dos outros meios vaticanos (http://www.news.va/pt), e fanpage no facebook (https://www.facebook.com/news.va.pt?fref=ts)

-Site Web oficial da Santa Sé, onde se pode encontrar o íntegra oficial de todos os discursos, homilias, mensagens, etc. do Papa Francisco: http://www.vatican.va

-L'Osservatore Romano: Periódico da Santa Sé: http://www.osservatoreromano.va/pt


-Centro Televisivo Vaticano: http://www.ctv.va/content/ctv/it.html

-The Pope App: app para smartphones e tablets administrado por News.va, que pode ser descarregado gratuitamente em: http://www.news.va/thepopeapp/  e permite seguir em tempo real as intervenções do Papa e configurar alertas que avisam quando começam os eventos pontifícios.

Este também permite acessar todo o conteúdo oficial relacionado ao Papa em qualquer formato: notícias e discursos oficiais, galeria com suas últimas imagens e vídeos e acesso a sua agenda e links a outros serviços da Santa Sé. Além disso, a aplicação tem acesso às webcams distribuídas pela Praça de São Pedro, que transmitem imagens em todo momento.

-VIS (Vatican Information Service): http://www.vis.va

Uma saudação muita cordial a todos e muito obrigado por sua atenção e suas sugestões”, conclui a nota.

Fonte: ACI Digital

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O papa na imprensa: o desafio da evangelização criativa

Reconhecimento em meios de comunicação com linhas editoriais diferentes é oportunidade para mostrar o poder de atração da mensagem do evangelho

Uma plêiade de publicações internacionais trouxe o papa Francisco na capa, destacando a sua influência internacional, a sua relativa mudança de estilo ao apresentar a mensagem da Igreja católica e o seu indiscutível protagonismo midiático. Entraram recentemente nessa plêiade os veículos Le Monde, The Advocate, The New Yorker e até um canal de televisão de referência para os jovens do mundo todo: a MTV.

Trata-se de meios de comunicação cujas linhas editoriais não têm muito em comum. O fato de todos apresentarem um personagem (e o que ele representa) contrastante com as opiniões normalmente vertidas em seus conteúdos é um indicador de que o chamado “fenômeno Francisco” atingiu um nível que supera o simples fascínio. Podemos agora pensar em como canalizá-lo como oportunidade de evangelização.

De pouco serviria ficar admirando a atenção recebida de uma imprensa normalmente hostil a tudo o que é católico se o resultado fosse apreciar somente a pessoa do papa. É claro que isto não é pouca coisa, mas, mesmo nisto, há o perigo da visão parcial sobre quem é o papa e, principalmente, sobre o que ele pensa.

Tem sido mais ou menos comum repassar de modo impreciso o pensamento de Francisco em questões nas quais ele aparentemente diverge dos antecessores e até do Magistério da Igreja (casamento, homossexualidade, mulher na Igreja, etc.). É verdade que a maioria das publicações mencionadas, assim como a TIME, a Forbes, a Vanity Fair e a Forward, dizem que não foi a mensagem que mudou, mas o estilo. E é precisamente esta a oportunidade de evangelização que surge.

O papa Francisco chegou às capas internacionais sem procurar, mas, sem dúvida, esse reconhecimento é resultado de um modo atraente de mostrar que o Evangelho não é uma sobrecarga de preceitos e sim um encontro de amor entre pessoas: Cristo e cada um. É cada vez mais comum falar do papa e da fé. Aproveitar as oportunidades para recordar às pessoas qual é o ponto de partida de Francisco é o mínimo que podemos fazer.

Se a TIME, a MTV e o Le Monde oferecem a capa ao sucessor do apóstolo Pedro, nós também podemos pensar em como apresentar criativamente a realidade subjacente: que a mensagem de fundo da “pessoa do ano” é e será eterna: ela vale para todas as épocas, momentos e lugares. E também para todos os tipos de publicação.

Fonte: Zenit

Estão abertas as inscrições para o 4º Encontro Nacional da Pastoral da Comunicação

Com o objetivo de articular e animar a Pastoral da Comunicação na Igreja do Brasil a partir da cultura gerada pelas novas tecnologias, serão realizados, de 24 a 27 de julho, em Aparecida (SP), o 4º Encontro Nacional da Pastoral da Comunicação e o 2º Seminário Nacional de Jovens Comunicadores. As inscrições para os encontros estão disponíveis até 23 de junho, com vagas limitadas. Confira os valores e a ficha de inscrição, no link Encontro Nacional. Para participar dos encontros é necessária apenas uma inscrição. São esperados aproximadamente 700 participantes.

Essa é a primeira vez, que as comissões para a Comunicação e Juventude da CNBB promovem o encontro em conjunto, buscando integrar suas atividades de evangelização. O evento marcará também a celebração de um ano da Jornada Mundial da Juventude no Brasil.

De acordo com a assessora da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, Ir. Élide Fogolari, esta é uma oportunidade de comunhão nos trabalhos das comissões. “Integrar esses dois grandes grupos da Igreja é entender que a comunicação e a evangelização são realizadas, sobretudo, pela juventude que deseja algo novo e tem esperança. A maioria dos participantes que atua na Pastoral da Comunicação é jovem”.

O tema “Comunicação, desafios e possibilidades para evangelizar na era da cultura digital” será refletido ao longo do encontro nos seminários e painéis com a presença pesquisadores da comunicação. Está confirmada a participação de palestrantes internacionais como o padre jesuíta, Antônio Spadaro, autor dos livros Web 2.0 e Ciberteologia, e de Letícia Soberón, da Rede de Informática da Igreja na América Latina (RIIAL), entre outros especialistas.
“Nós entendemos que no universo da comunicação temos mais possibilidades do que desafios. Hoje, as mídias sociais digitais oferecem vantagens para a propagação do Evangelho de forma rápida e imediata. Isso, abre um horizonte sem limites, chegando a mensagem a mais pessoas”, explica Ir. Élide sobre o tema escolhido para o encontro.

Rede de Informática

Pelo segundo ano consecutivo, a Rede de Informática da Igreja no Brasil (RIIBRA) participa do Encontro Nacional da Pascom. Em 2012, a rede foi lançada oficialmente aos comunicadores e agentes da Pastoral da Comunicação. Para o assessor da RIIBRA, padres Clóvis Andrade de Melo, o espaço é de avaliação e para definir metas para os próximos anos.

“Chegou o momento de avaliar quais iniciativas estão sendo desenvolvidas na internet pelos agentes pastorais, nas dioceses e por instituições. Durante o encontro, serão oferecidas entre as oficinas, a teoria e prática na web com a participação de especialistas e com testemunhos de experiências nas atividades de evangelização pela internet”, comenta padre Clóvis. Ainda segundo o assessor, o encontro da Pascom contribuirá para definição de estratégias de ação que visam potencializar os trabalhos da RIIBRA na Igreja do Brasil.

Sabia mais, acessando o folder do 4ª Encontro da Pascom.

Fonte: CNBB

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Imprevisível, Papa Francisco desafia jornalistas da Rádio Vaticano

Francisco é um papa de verbos fortes, como "camminare" (caminhar) e "ascolare" (escutar), e seu discurso é salpicado com a palavra "avanti" (avante)

Por Fiona Ehlers, na revista Der Spiegel e reproduzida pelo portal UOL, 25-12-2013

Diariamente, a "Rádio Vaticano" traduz as palavras do papa para 44 línguas. O staff da emissora conta com alguns dos melhores e mais brilhantes profissionais de cerca de 60 países.

Mas o papa Francisco é muito imprevisível, o que torna um trabalho difícil ainda mais duro.

E muita coisa mudou desde que ele assumiu. A quarta-feira, o dia da audiência geral semanal do papa, é um exemplo. Toda vez, Francisco é levado até a praça de São Pedro no papamóvel às 9h30 da manhã, uma hora mais cedo que seu antecessor. Está claro que tanto o papa quanto os peregrinos apreciam mais a parte não oficial da audiência.

Um carabinieri (policial) manda um beijo para Francisco. Três crianças pegam seu solidéu branco e o experimentam. O papa aceita camisas de times de futebol argentinos, beija 14 crianças e se aproxima de um homem que não tem nariz. Ele encosta sua testa na testa do homem e diz: "Reze por mim".

A menos de 500 metros de distância, Anne Preckel, da "Rádio Vaticano", está sentada em frente a uma tela de TV em um prédio sem identificação, assistindo à transmissão ao vivo. A alemã de 34 anos da região de Vestfália é responsável pela transmissão nesta quarta-feira. Preckel, que diz ser uma católica crítica, está em Roma há cinco anos. Seu computador se apoia em uma pilha de livros. O mais grosso se chama "O Púlpito na Alemanha Oriental". O sermão começa, com o papa falando em italiano, e Preckel escuta atentamente.

Francisco está falando sobre a importância da confissão. Ele diz que ele também se confessa e que ele também é um pecador. Isso é território familiar para Preckel. Francisco diz essas coisas com frequência e não há motivo para alarme... ainda.

Dificuldades do trabalho

Então ele olha para a multidão e sua voz se torna mais profunda e mais forte. Ele faz perguntas e improvisa diálogos para envolver sua plateia. Para Preckel, essas são as partes perigosas, porque este papa aprecia falar de forma livre e espontânea. Cada palavra importa a essa altura. Uma sentença retirada de contexto pode ter consequências devastadoras, como ocorreu em 2006, quando o papa Bento XVI, falando na cidade de Regensburg, no sul da Alemanha, citou um texto que foi interpretado como sendo crítico ao islã.

Um comentário espontâneo também pode causar alvoroço. Em julho, após retornar de uma viagem ao Brasil, Francisco falou aos colegas de Preckel sobre gays, finanças e mulheres na igreja.

Preckel faz parte dos 400 funcionários de 60 países que trabalham na "Rádio Vaticano", uma espécie de Organização das Nações Unidas dentro do Estado papal. Todo dia eles traduzem as palavras do papa em 44 línguas e as transmitem ao redor do mundo em 39 programas de rádio diferentes. Não é um trabalho fácil, especialmente desde que este novo papa imprevisível assumiu o cargo. Colocando de modo simples, ninguém sabe o que Francisco dirá.

Agora Preckel está ouvindo Francisco dizer: "Não tenham vergonha de confessar seus pecados. É melhor corar uma vez do que amarelar milhares de vezes". Ela sorri pela primeira vez nesta manhã. É uma frase típica de Francisco, aparentemente banal, mas altamente autêntica.

Papa de verbos fortes

"Este papa faz sua homilia matinal diariamente, ele gosta de fazer piadas e tem em baixa estima os manuscritos que são revisados pelo secretariado de Estado", diz o chefe de Preckel, o padre jesuíta Andrzej Koprowski. "Às vezes isso realmente nos faz suar, porque temos que pensar em coisas como: essa piada faz sentido em mandarim? A tradução em suaíli está correta? Será que eles o entenderão no Senegal?"

Koprowski, o diretor de programação da "Rádio Vaticano", é um senhor respeitável que fala italiano com sotaque polonês. O papa João Paulo II o trouxe para Roma em 1983. Na época, ele foi basicamente um tradutor de uma mudança radical: o movimento Solidariedade na Polônia, a perestroika e a queda do Muro de Berlim. Agora suas mãos estão cheias com as revoluções de Francisco. O estilo pé no chão do papa é superficial demais para alguns, diz Koprowski. "Eles sentem falta do barroco, da gravidade que associam à importância do papa. Mas eu não sinto falta de nada disso."

Francisco é um papa de verbos fortes, como descobriu um jornal milanês quando analisou os discursos de seus primeiros sete meses de pontificado. Ele usa com frequência os verbos "camminare" (caminhar) e "ascolare" (escutar), e seu discurso é salpicado com a palavra "avanti" (avante). Seu olhar é direcionado para fora, ou "fuori", para as margens da sociedade. As principais entre as 106 mil palavras usadas pelo papa em seus discursos são "tutto" e "tutti" (tudo e todos). Três palavras que dificilmente aparecem em seu vocabulário ativo são punição, disciplina e poder.

Mais engraçado que Bento?

"Ele nos faz trabalhar mais arduamente que seu antecessor, mas também é mais engraçado", diz Preckel. Os funcionários da "Rádio Vaticano" não apenas traduzem as palavras do papa: eles também precisam selecionar, categorizar e interpretar - mais com Francisco do que com Bento.

O que acontece com as palavras do papa e como elas chegam aos fiéis não poderia ser mais variado. Na China, por exemplo, os cristãos perseguidos escutam seus discursos em segredo, enquanto os programas africanos os acompanham com muita música. Os programas alemão, francês e polonês são considerados especialmente liberais e sofisticados.

Nessa quarta-feira em particular, a audiência de Francisco dura até a hora do almoço. Ele está admirando os quadros que as crianças pintaram de um homem em túnica branca. "Quem é esse homem feio?", o papa pergunta, e as crianças gritam: "É você!"

Até mesmo essas palavras são gravadas e arquivadas, como tudo o que o sai da boca do papa. As palavras papais reunidas são armazenadas em um corredor secreto entre o Castelo de Santo Ângelo e o Vaticano. Os funcionários da "Rádio Vaticano" brincam que, se o papa continuar falando no ritmo atual, eles podem acabar ficando sem espaço lá.

Fonte: Aleteia

Jornal do Vaticano terá página dedicada à teologia da mulher

“Mulheres, Igreja, Mundo”, suplemento mensal do L’Osservatore Romano, terá a partir de janeiro uma página a mais, dedicada à teologia da mulher. Um editorial explica que a iniciativa “responde aos repetidos pedidos do Papa Francisco para aprofundar a teologia da mulher, a fim de definir melhor seu lugar na vida da Igreja.

Assim, “a cada mês, um teólogo ou teóloga vai desenvolver considerações sobre esta questão, aberta e central na Igreja de hoje, enriquecendo com novos argumentos o debate em curso”.

Segundo o editorial publicado sexta-feira, 03, informa ainda que “o ano novo se abre com um número monotemático dedicado à família, que será tema de reflexões e análise do mundo católico em preparação ao Sínodo convocado para outubro de 2014”.

“De fato, as mulheres – centrais nas relações que unem e animam as famílias, além de diretamente envolvidas nos aspectos concretos e afetivos – são também centrais ao fazer da família o lugar de transmissão da experiência de fé”, explica o jornal.

Fonte: News.va

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Podemos nos relacionar virtualmente com Deus?

Deus não está esperando “curtidas”, mas aceitação no seu coração; Ele não quer milhares de fãs, mas filhos que confiem nele

Juan Ávila Estrada

Nossa relação com Deus se tornou virtual? Não consigo deixar de me perguntar isso. Quando o virtual supera o real, já não é fácil prever tudo aquilo que pode acontecer.

O “olho no olho” é trocado por uma tela de celular; vivências são trocadas por fotos nas redes sociais, para mostrar o lugar do passeio ou o cardápio do dia; diálogos são trocados por palavras cheias de abreviações, que podem ser escritas com a ortografia que cada um achar mais fácil. Este é o mundo virtual, o mundo do “visivelmente escondido”.

Já não interessam os jogos de mesa ou ao ar livre, o contato com a natureza, a brisa no rosto, o cheiro da grama úmida e dos animais. Agora tudo é virtual: animais de estimação, amigos, atividades, encontros, sexo (esse que gera prazer sem compromisso nem risco de DST). Agora o mundo está na rede e é possível “viajar” sem dinheiro.

Mas parece que nossa relação com o Senhor também está seguindo este padrão. Agora as orações são escritas e publicadas nas redes sociais, fala-se do Senhor pela internet, louva-se o Senhor no Facebook. Meu temor é que tudo se reduza a isso.

A virtualidade não substitui a realidade, e Deus não tem rede social. Ele vê tudo, mas prefere o velho costume do contato pessoa a pessoa. Ele não quer ler mensagens, mas escutar a voz de cada um, o temor, a emoção, esse timbre inconfundível que é como música para seus ouvidos.

Jesus nos disse: “Quando você quiser orar, entre no seu quarto, feche a porta e ore ao seu pai que está no escondido; e seu Pai, que vê o escondido, o recompensará”. Este ensinamento não perdeu a validez; há coisas que nunca serão superadas pela tecnologia – criada para melhorar a qualidade da nossa vida, mas não para substituir nossas relações pessoais.

Nenhuma rede social pode destruir a autêntica relação com Deus e com as outras pessoas. Não permita que seu contato com Ele dependa de um celular ou computador.

Quer jantar com o Senhor? Participe da Eucaristia. Quer falar com Ele? Ore. Compartilhe suas experiências com os amigos, mas não se esqueça de Deus nos momentos de alegria. Ele não é um amigo virtual, e sim real, mais real que nós mesmos, mais real que a luz do sol ou o resplendor da lua.

Não podemos ter medo das relações reais, do compromisso, do contato, dessas que precisam de cuidado e alimento e que não acabam com um simples bloqueio virtual. Deus é uma pessoa, não uma energia, nem um desconhecido que se esconde por trás da internet, querendo algo desconhecido de você.

Ele o espera e ama, quer entrar na sua casa e jantar com você. Ele não tem seguidores, mas discípulos; não busca “curtidas”, mas aceitação no seu coração; e não deseja milhares de contatos, e sim filhos que acreditem e confiem nele.

Nada do que acontece no mundo virtual pode substituir a verdadeira relação que se estabelece na intimidade da oração, da leitura e da meditação da sua Palavra. Que não fique tudo na rede; que não “pareçamos” discípulos, mas sejamos realmente discípulos.

Fonte: Aleteia