Juan Ávila Estrada
Nossa relação com Deus se tornou virtual? Não consigo deixar de me perguntar isso. Quando o virtual supera o real, já não é fácil prever tudo aquilo que pode acontecer.
O “olho no olho” é trocado por uma tela de celular; vivências são trocadas por fotos nas redes sociais, para mostrar o lugar do passeio ou o cardápio do dia; diálogos são trocados por palavras cheias de abreviações, que podem ser escritas com a ortografia que cada um achar mais fácil. Este é o mundo virtual, o mundo do “visivelmente escondido”.
Já não interessam os jogos de mesa ou ao ar livre, o contato com a natureza, a brisa no rosto, o cheiro da grama úmida e dos animais. Agora tudo é virtual: animais de estimação, amigos, atividades, encontros, sexo (esse que gera prazer sem compromisso nem risco de DST). Agora o mundo está na rede e é possível “viajar” sem dinheiro.
Mas parece que nossa relação com o Senhor também está seguindo este padrão. Agora as orações são escritas e publicadas nas redes sociais, fala-se do Senhor pela internet, louva-se o Senhor no Facebook. Meu temor é que tudo se reduza a isso.
A virtualidade não substitui a realidade, e Deus não tem rede social. Ele vê tudo, mas prefere o velho costume do contato pessoa a pessoa. Ele não quer ler mensagens, mas escutar a voz de cada um, o temor, a emoção, esse timbre inconfundível que é como música para seus ouvidos.
Jesus nos disse: “Quando você quiser orar, entre no seu quarto, feche a porta e ore ao seu pai que está no escondido; e seu Pai, que vê o escondido, o recompensará”. Este ensinamento não perdeu a validez; há coisas que nunca serão superadas pela tecnologia – criada para melhorar a qualidade da nossa vida, mas não para substituir nossas relações pessoais.
Nenhuma rede social pode destruir a autêntica relação com Deus e com as outras pessoas. Não permita que seu contato com Ele dependa de um celular ou computador.
Quer jantar com o Senhor? Participe da Eucaristia. Quer falar com Ele? Ore. Compartilhe suas experiências com os amigos, mas não se esqueça de Deus nos momentos de alegria. Ele não é um amigo virtual, e sim real, mais real que nós mesmos, mais real que a luz do sol ou o resplendor da lua.
Não podemos ter medo das relações reais, do compromisso, do contato, dessas que precisam de cuidado e alimento e que não acabam com um simples bloqueio virtual. Deus é uma pessoa, não uma energia, nem um desconhecido que se esconde por trás da internet, querendo algo desconhecido de você.
Ele o espera e ama, quer entrar na sua casa e jantar com você. Ele não tem seguidores, mas discípulos; não busca “curtidas”, mas aceitação no seu coração; e não deseja milhares de contatos, e sim filhos que acreditem e confiem nele.
Nada do que acontece no mundo virtual pode substituir a verdadeira relação que se estabelece na intimidade da oração, da leitura e da meditação da sua Palavra. Que não fique tudo na rede; que não “pareçamos” discípulos, mas sejamos realmente discípulos.
Fonte: Aleteia
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