Nos últimos tempos o tema recorrente das mensagens foi o da Internet e as novas formas de relacionamento nas redes sociais. Na sua primeira mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Papa Francisco dá continuidade à temática que vem abordando quase cotidianamente, ou seja, a da cultura do encontro. E o verdadeiro poder da comunicação – sublinha Francisco – é a “proximidade”.
Os novos espaços onde evangelizar, onde estar presente nos devem como comunicadores e usuários, levar a uma reflexão sobre o serviço que a comunicação presta para aproximar as pessoas, para criar relações interpessoais. Estamos vivendo um período, diria, histórico e muito particular: evidentemente notamos um progresso técnico extraordinário, que cria novas oportunidades, inéditas de interação entre os homens e entre os povos; em certo sentido estamos vivendo realmente uma globalização das relações. Mas essa globalização dever ajudar as pessoas, o indivíduo a crescer em humanidade, excluindo o egoísmo, o isolamento, o indiferentismo, concentrando energias e aspirações nos encontros que cancelam desconfianças, preconceitos, barreiras.
O Papa Francisco constata na sua mensagem que hoje nós vivemos em um mundo cada vez menor, mas onde ainda permanecem divisões e exclusões. E os meios de comunicação podem ajudar a nos sentirmos mais próximos uns dos outros. O Santo Padre parte dessas considerações para desenvolver a sua reflexão aos comunicadores. A tecla que Francisco toca é mais uma vez a da “cultura do encontro” pois podemos notar que apesar dos avanços da humanidade, em nível global vemos a distância escandalosa que existe entre o “luxo dos mais ricos e a miséria dos mais pobres”. E uma dura constatação: “estamos já tão habituados a tudo isso que nem nos impressiona mais”.
E a cultura do encontro requer que estejamos dispostos não só a dar, mas também a receber dos outros. Os meios de comunicação podem ajudar nisso. Particularmente a internet pode oferecer maiores possibilidades de encontro e de solidariedade entre todos. E Francisco chama a atenção para os problemas que se apresentam neste mundo virtual: antes de tudo a “velocidade da informação” que “supera a nossa capacidade de reflexão e julgamento”. O desejo da tão fala conexão digital – e isso já é linguagem cotidiana, estou conectado – pode, é a advertência, nos levar ao isolamento, distanciar-se do nosso próximo. Temos ainda o paradoxo, quem não tem internet, não está na rede, corre o “perigo de ficar excluído”.
Neste universo da tecnologia e da velocidade, o Santo Padre recorda que não devemos rejeitar a mídia social e que a comunicação é uma conquista mais humana que tecnológica: daí brota o convite contracorrente, de “recuperar o sentido de lentidão e de calma”. Temos necessidade de ser pacientes. Um convite distinto, vamos diminuir a velocidade para que possamos conhecer o outro, aquele que é diferente de nós, aquele que encontramos no nosso caminho. Não só encontrar, mas também ajudar.
Então a pergunta de Francisco, como a comunicação pode estar ao serviço da cultura do encontro? Recordando a parábola do Bom Samaritano vem fora a dimensão da “proximidade”. De fato, quem comunica se faz próximo. E citando ainda a Parábola o Papa adverte que quando a comunicação tem como finalidade principal levar ao consumo ou à manipulação das pessoas, estamos diante de uma agressão violenta como aquela sofrida pelo homem que foi surrado pelos bandidos e deixado ao longo da estrada. E aí vem a chamada de atenção, porque alguns meios de comunicação levam as pessoas a ignorar o próximo. As redes sociais devem ser um lugar rico de humanidade, não uma rede de fios, mas sim de pessoas humanas. Essas estradas digitais estão cheias de humanidade e muitas vezes humanidade ferida.
O Convite, então à Igreja para que abra a portas também no ambiente digital para que o Evangelho possa atravessar os umbrais do tempo e sair ao encontro de todos. O convite do Papa é para não termos medo de sermos cidadãos do ambiente digital, para dialogarmos com o homem de hoje e levá-lo ao encontro com Cristo. A revolução nos meios de comunicação e de informação - a ultima constatação de Francisco – “é um grande e apaixonante desafio que requer energias frescas e uma imaginação nova para transmitir aos outros a beleza de Deus”. (Silvonei José)
Fonte: Rádio Vaticano
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