sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Arcebispo Celli sobre o primeiro ano de @Pontifex: uma escolha perspicaz de Bento XVI

Em 12 de dezembro de um ano atrás Bento XVI abria a sua conta Twitter @Pontifex. Foi um evento de alcance mundial, que colocou em evidência o compromisso da Igreja de anúncio do Evangelho nas redes sociais.

Após a eleição do novo Sucessor de Pedro, o bastão passou com bom êxito para Francisco, vez que hoje a conta @Pontifex – em nove línguas – se aproxima dos 11 milhões de seguidores no mundo inteiro.

A Rádio Vaticano pediu ao presidente do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, Dom Claudio Maria Celli, que traçasse um balanço deste primeiro ano do Papa no Twitter:

Dom Claudio Maria Celli: Quando o Papa Bento XVI lançou o primeiro twitter, ele tinha plena consciência da importância daquele momento. Confesso que naquele dia disse ao Pontífice: “Santo Padre, no momento em que lançava seu primeiro tweet, pensei naquilo que fez o seu predecessor Pio XI, quando pela primeira vez lançava sua mensagem através da Rádio Vaticano”. E o Papa olhou para mim sorrindo e me disse: “Sabe que também eu pensei nisso?” Isto significa que o Papa Bento XVI tinha total consciência da importância desta sua presença num das linguagens – como a do twitter – mais utilizadas, especialmente no campo da juventude. E hoje, com o Papa Francisco, todos temos consciência de que aquela decisão, tomada um ano atrás, foi perspicaz, positiva. Hoje temos praticamente onze milhões de seguidores, mas o que mais nos interessa é que ao menos sessenta milhões de pessoas, através do ato de “retuitar”, recebem uma palavra do Papa, essa breve mensagem, num espaço de desertificação espiritual, como dizia o Papa Bento. Nesse contexto, mesmo uma gota de água fresca, como é um tuíter – 140 caracteres – tem seu valor, sua importância.

RV: A seu ver, qual é a contribuição específica que “Pontifex” está dando para o esforço de evangelização do chamado “continente digital”?

Dom Claudio Maria Celli: Também nesse continente a Palavra de Jesus deve ressoar. Mesmo porque muitos de seus habitantes, se nesse contexto não encontram a Palavra Jesus, não a encontrarão em outros lugares. E creio que isso constitua um desafio para todos nós. Nesse sentido, diria que devemos redescobrir como cada um de nós se faz presente nesse contexto ambiental. Devemos assumir uma dimensão missionária que não é proselitismo. Devemos fazer de modo que esta Palavra ressoe no contexto do “continente digital”. Faço meu um pensamento de Bento XVI, quando falava sobre as “redes sociais”. O Papa dizia que o problema não é fazer citações formais do Evangelho, mas na Rede, nesse ambiente, avaliações e testemunhos pessoais devem estar presentes. Quase diria que os discípulos do Senhor deveriam inserir nesse contexto aquilo que é a síntese entre a sua fé e a sua vida.

RV: Na exortação apostólica Evangelii gaudium, o Papa Francisco exorta a ser audazes e criativos na linguagem. A seu ver, as redes sociais podem ajudar nesse sentido?

Dom Claudio Maria Celli: Creio que o grande desafio para nós, hoje, é anunciar o Evangelho com uma linguagem que os homens e as mulheres de hoje possam compreender. Na exortação apostólica, o Papa Francisco dedica muitas páginas e reflexões ao tema da linguagem, porque o grande risco é que a própria mensagem possa ser distorcida. O Papa diz que podemos anunciar um “Deus falso”, com todas s boas intenções que podemos ter no coração. Por vezes, o risco é que a linguagem mude a mensagem. Então eis aí a necessidade de poder utilizar uma linguagem que os homens de hoje possam entender.

Fonte: Rádio Vaticano

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