Apresentamos uma parte do Lineamenta preparado para o Sínodo dos Bispos, que se refere ao tema: “As novas fronteiras do cenário comunicativo” (59-62).
O texto reconhece os desafios inerentes às novas tecnologias digitais e ao mesmo tempo a considera como um lugar para a “missão evangelizadora da Igreja” e como “novos espaços” para a evangelização.
As novas fronteiras do cenário comunicativo
59. Unanimemente as respostas ao Lineamenta analisaram um outro cenário, o sexto, o comunicativo, que hoje oferece enormes possibilidades e representa um dos grandes desafios para a Igreja. Nos inícios era típico apenas do mundo industrializado, hoje o cenário de um mundo globalizado é capaz de influenciar também grandes setores dos países em vias de desenvolvimento. Não há lugar no mundo de hoje que não possa ser alcançado e, por isso, não estar sujeito à influência da cultura mediática e digital, que progressivamente se estrutura como o “lugar” da vida pública e da experiência social. Basta pensar no uso cada vez mais difundido da rede informática.
60. As respostas referem a convicção generalizada que as novas tecnologias digitais deram origem a um verdadeiro e próprio espaço social, cujos laços são capazes de influir sobre a sociedade e sobre a cultura. Atuando na vida das pessoas, os processos mediáticos tornados possíveis por estas tecnologias chegam a transformar a própria realidade. Intervêm de modo incisivo na experiência das pessoas e permitem um alargamento das potencialidades humanas. Da influência que eles exercem depende a percepção de nós mesmos, dos outros e do mundo. Estas tecnologias e o espaço comunicativo por elas desenvolvido são, por isso, valorizados positivamente, sem preconceitos, como meios, embora com um olhar crítico e um uso sábio e responsável.
61. A Igreja soube entrar nestes espaços e assumir estes meios desde o início como instrumentos úteis para o anúncio do Evangelho. Hoje, a par dos meios de comunicação mais tradicionais, especialmente como a imprensa e a rádio, que – de acordo com as respostas – conheceram nestes últimos anos um discreto incremento, os novos media estão a servir cada vez mais à pastoral evangelizadora da Igreja, tornando possíveis interações a vários níveis, local, nacional, continental, mundial. Percebem-se as potencialidades destes meios de comunicação antigos e novos, verifica-se a necessidade de se usar o novo espaço social que se criou com as linguagens e as formas da tradição cristã. Reclama-se a urgência de um discernimento atento e partilhado para intuir melhor as potencialidades que isso oferece em vista do anúncio do Evangelho, mas também para acolher de modo correto os riscos e os perigos.
62. A difusão desta cultura acarreta, de facto, consigo indubitáveis benefícios: maior acesso às informações, maior possibilidade de conhecimento, de troca, de novas formas de solidariedade, de capacidade promover uma cultura cada vez mais à escala mundial, tornando os valores e os melhores desenvolvimentos do pensamento e da atividade humana um patrimônio de todos. Estas potencialidades não eliminam, porém, os riscos que a difusão excessiva de uma semelhante cultura já está a gerar. Manifesta-se uma profunda atenção egocêntrica às necessidades individuais. Afirma-se uma exaltação emotiva das relações e dos laços sociais. Assiste-se ao debilitamento e à perda do valor objetivo das experiências profundamente humanas, tais como a reflexão e o silêncio; observa-se uma excessiva afirmação do pensamento individual. Reduz-se progressivamente a ética e a política a instrumentos de espetáculo. A situação extrema a que podem conduzir estes riscos é à chamada cultura do efêmero, do imediato, da aparência, ou uma sociedade privada de memória e de futuro. Num semelhante contexto, é pedido aos cristãos a audácia de frequentar estes “novos areópagos”, aprendendo a dar uma valorização evangélica, encontrando os instrumentos e os métodos para tornar audível também nestes lugares hodiernos o patrimônio educativo e de sapiência conservado pela tradição cristã.
Fonte: PCCS
Jornalista: Natalia Zimbrão
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